Brasil e Hong Kong avaliam comércio através de blockchain
O Banco Inter, em colaboração com o Banco Central do Brasil e a Autoridade Monetária de Hong Kong (HKMA), realizou com sucesso um teste internacional que revoluciona o financiamento ao comércio exterior com o uso de tecnologia blockchain. A iniciativa, que contou com a ajuda da Chainlink, simulou operações de exportação entre o novo projeto Drex, do Brasil, e a plataforma Ensemble, de Hong Kong. Ambos utilizam uma infraestrutura de registros distribuídos (DLT).
Esse teste demonstrou como práticas como tokenização e contratos inteligentes podem não apenas reduzir custos, mas também acelerar o processo de liquidação e abrir novas direções para pequenas e médias empresas que desejam se aventurar em operações internacionais.
Conectando o Drex ao Ensemble: interoperabilidade em tempo real
O teste foi realizado na Fase 2 do projeto Drex, um programa de moeda digital de banco central (CBDC) do Brasil. Durante essa fase, as transações foram liquidadas automaticamente entre as redes Drex e Ensemble, mostrando como é possível realizar uma liquidação transfronteiriça de forma segura, rápida e transparente.
A Chainlink atuou como a camada de interoperabilidade, garantindo que as informações sobre pagamentos e transferências de títulos estivessem sempre atualizadas em tempo real. Essa não é a primeira parceria do Banco Inter com a Chainlink; anteriormente, já haviam feito testes na Fase 2 do Drex, o que facilitou a integração nesse novo projeto.
O Banco Inter afirmou que a automação nas exportações elimina intermediários, diminui riscos relacionados à flutuação de moedas e simplifica a gestão das garantias. Isso torna a participação de empresas menores no comércio global muito mais viável.
Blockchain pode revolucionar o financiamento ao comércio exterior
Atualmente, o financiamento ao comércio exterior, ou trade finance, ainda depende muito de processos manuais e documentos físicos. A experiência que o Banco Inter realizou mostra que esse modelo pode ser completamente transformado com a adoção de blockchain e contratos inteligentes.
Com a digitalização, é possível coordenar o envio de mercadorias, o pagamento e a transferência de propriedade de forma simultânea—um processo que, tradicionalmente, poderia levar vários dias ou até semanas. Integrar essa tecnologia promete não apenas reduzir custos, mas também minimizar fraudes e aumentar a eficiência nas cadeias de fornecimento globais.
A participação do banco global Standard Chartered também foi importante, pois trouxe uma expertise vital no setor de financiamento comercial, ampliando a dimensão internacional da iniciativa.
Drex: o passo do Brasil rumo à digitalização financeira
Desde que foi anunciado em 2023, o projeto Drex tem avançado rapidamente. Ele se propõe a criar uma infraestrutura digital que combina programação, privacidade e descentralização. Embora muitos o considerem apenas uma moeda digital, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, destacou que a proposta abraça uma visão mais ampla: modernizar o sistema financeiro e aumentar o acesso ao crédito.
Jeremias, um dos grandes dados do setor, comenta que cerca de 90% das transações de criptomoedas no Brasil envolvem stablecoins, o que demonstra a crescente digitalização dos meios de pagamento no país. O Drex surge como uma resposta a essa demanda por soluções eficientes e integradas entre o sistema financeiro tradicional e o universo cripto.
Vale lembrar que o Brasil ocupa a quinta posição mundial em adoção de criptomoedas, muito por causa da facilidade proporcionada pela utilização de stablecoins no varejo e no mercado de finanças descentralizadas (DeFi).
Chainlink fortalece seu papel como ponte entre sistemas financeiros globais
O sucesso desse teste reafirma a importância da Chainlink, que se posiciona como um dos principais provedores de infraestrutura de interoperabilidade para o sistema financeiro baseado em tokens. A tecnologia deles facilita a comunicação segura e auditável entre diferentes redes de blockchain e sistemas financeiros tradicionais.
A Chainlink é fundamental em várias iniciativas de CBDCs e tokenização de ativos, promovendo a conexão entre bancos centrais, fintechs e plataformas que desejam integrar seus mercados. Para o Brasil, essa parceria com o Banco Inter demonstra que a comunicação entre redes soberanas e privadas é não apenas possível, mas também funcional, marcando um avanço significativo para o Drex.
Um novo modelo de comércio digital global
A colaboração entre Brasil, Hong Kong, Chainlink e instituições financeiras globais pode ser o começo de um sistema de comércio digital mais inclusivo e eficiente. A automação de títulos, pagamentos e garantias via blockchain tem o potencial de transformar as práticas de liquidações internacionais, especialmente em mercados emergentes.
Se tudo der certo, essa abordagem pode não só reduzir os custos para os exportadores, mas também aumentar a transparência e diminuir a necessidade de intermediários financeiros. Além disso, essa iniciativa reforça a posição do Brasil como um protagonista na inovação financeira global, consolidando sua liderança em CBDCs e tokenização de ativos.





